O que é fundamental no casamento
Hoje o post poderia falar de muitas coisas. Cada casal poderia incluir algo de fundamental em seu relacionamento... respeito, amor, amizade, carinho, lealdade, fidelidade, bom humor, empatia.. enfim, inúmeras possibilidades...
Mas escolhi não publicar nada tão sério hoje e cultivar a criatividade de Fabrício Carpinejar, em sua coluna no jornal Zero Hora de hoje. Então, quem não teve a oportunidade de ler, pode se deliciar por aqui...
Todos sabem que ele sempre tem uma opinião original das coisas, então, vamos lá!
"O que redime um casamento não é massagem tântrica, a abertura dos chacras, a dança do ventre, a ioga, aprender passos de salão, curso de sensualidade. Louvo todas as iniciativas de compreensão mútua e desenvolvimento emocional. Mas o que é fundamental num relacionamento é saber coçar as costas do outro.
Casal do mal espreme as espinhas de sua companhia. Casal do bem coça as costas.
É uma arte milenar egípcia. Dizem que é invenção do conselheiro do faraó Tutancâmon, Adel Emam Alef, o mesmo criador da pizza. Ao sovar a massa, encontrou a punção ideal.
Coçar as costas depende da exatidão do movimento. Muitos maridos, muitas esposas, desistem de pedir após a terceira tentativa e se recolhem à frustração sexual.
A inabilidade em esfregar o parceiro representa hoje a maior causa do divórcio no país. Superou os tradicionais motivos de desquite como palitar os dentes e ausência de cerveja na geladeira. Devia constar como item indispensável no curso de noivos.
O carinho primitivo libera serotonina e os peptídeos opioides beta-endorfina, meta-encefalina e dinorfina, combatendo depressão e estados de ansiedade.
As unhas não podem estar muito compridas, muito menos sujas. Não vale arranhar, sangrar ou esfoliar a pele. A compressão dos dedos terá o peso de uma esponja, e dura até quatro minutos (acima disso, entra no terreno da bolinação).
Cuidado com a vontade. Já vi gente coçar, não conter o entusiamo e ser presa por agressão. Porque coçar é delicioso e insaciável, o coçador tem um prazer semelhante ao do coçado. Facilmente a coçadinha inocente desemboca em chagas de São Francisco de Assis.
O ato se caracteriza pela fricção sensual, de baixo para cima. É descobrir a zona de irritação e não mais levantar a mão. Como um desenho sem largar o lápis. A cura do desconforto virá com a constância, com a dedicação exclusiva do gesto. Não é permitido coçar e assistir televisão, coçar e ler um livro, coçar e olhar para o lado. Duas ações ao mesmo tempo quebram o ritmo e diminuem a qualidade do serviço.
Coceira em grego significa "cuide de seu amor". Não vale se distrair. Mergulha-se numa meditação dos dedos, na contemplação messiânica das unhas.
A invasão será superficial, indolor, intermediária entre a picada de mosquito e pontada de acupuntura. Mas o alívio equivale a um início de orgasmo.
Coçar as costas é um socorro amoroso de grande utilidade. Importante estar perto sempre.
Tragédia é quando sua mulher sente a tremedeira nas vértebras e não dispõe de sua companhia".